Lênin Landgraf

A novela da termelétrica em Rio Grande

Por Lênin Landgraf
Mestre em História (UFPel)
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Rio Grande sempre foi polo inovador no Rio Grande do Sul, tendo aqui sido iniciada a industrialização do Estado, onde situa-se o único porto marítimo e de onde pesquisas levam avanços a todas as partes. Entretanto, principalmente após o fracasso do Polo Naval, vemos nossa cidade minguar aos poucos. Muitas lojas fecharam, empregos são raros e a economia parece estar amarrada a uma âncora enorme.

Nesse sentido, muitos rio-grandinos se perguntam: e a termelétrica? Aqui não farei juízo de valor a respeito do investimento ser ou não compatível com as melhores práticas ambientais, tratarei sobre economia e a necessidade desesperadora de Rio Grande avançar. Sei, por óbvio, que existem empreendimentos "verdes" que muito ajudariam nossa cidade. Mas a realidade, no momento, é outra.

Uma usina termelétrica _ aos que não recordam _ é uma instalação industrial usada para geração de energia elétrica a partir da energia liberada por qualquer produto que possa gerar calor, como bagaço de diversos tipos de plantas, restos de madeira, óleo combustível, óleo diesel, gás natural, urânio enriquecido e carvão mineral. Assim como na energia hidrelétrica, em que um gerador, impulsionado pela água, gira, transformando a energia potencial em energia elétrica, nas termelétricas a fonte de calor aquece uma caldeira com água, gerando vapor d'água em alta pressão, e o vapor move as pás da turbina do gerador.

A novela da UTE em Rio Grande começou em 2008, ainda no governo de Yeda Crusius, visando uma solução para a demanda de gás natural no Estado. Em 2014 o grupo Bolognesi venceu o leilão para assumir a responsabilidade da usina, prometendo sua entrega em 2019. Na cidade o plano visa o recebimento de gás natural liquefeito (GNL) por navios, que se acoplariam a uma unidade de regaseificação que devolveria o combustível ao estado gasoso. Ocorre que, com dificuldades de em aprovar o licenciamento ambiental, e com a intervenção do Ministério Público Federal, a Aneel, em 2017, suspendeu a outorga do empreendimento.

Recentemente o grupo espanhol Cobra assumiu a dianteira do projeto, oferecendo às autoridades a alternativa de um terminal em terra, no Porto, o que levou à autorização da Fepam. Em 2021, a Justiça Federal devolveu a outorga ao projeto, o que deu um sopro de ânimo à Prefeitura, que emitiu nota nesse sentido. Entretanto, pouco tempo depois, o STJ cassou a liminar que autorizava tal empreendimento.

A discussão agora é outra, não trata-se mais da questão ambiental e sim de qual empresa teria ou não o direito de encabeçar as obras. A Justiça, até então, entende que o grupo Cobra não poderia ocupar o lugar da Bolognesi.

Enquanto eles discutem em todas as instâncias possíveis, Rio Grande fica para trás. O projeto que está orçado em R$ 6 bilhões seria o maior investimento privado da história do Estado. Além disso, segundo a Prefeitura do Rio Grande, há previsão de geração de até cinco mil novos postos de trabalho. O que, certamente, aliviaria muito o nível de desemprego na cidade e geraria renda, movimentando a nossa estagnada economia.

O certo é: Rio Grande e toda a Zona Sul do Estado precisam se unir em prol de mais investimentos e empreendimentos em nossa região. Não podemos mais assistir parados à perda de capitais para outras regiões do Estado por inúmeros motivos. Seja a termelétrica ou investimentos verdes, precisamos atrai-los para cá.

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